sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Sobre o amor, a esperança e a coragem de buscar a felicidade

legado de noah

Dizem que o amor entre pai e filho é algo grandioso. Um sentimento sem precedentes, portanto, incomparável com qualquer outra forma de amor. 

É único.

Sempre ouvi este tipo de testemunho com certo grau de ceticismo – como pode haver algo mais forte do que sinto por meus pais? Por meu marido? Por minhas irmãs?

Até o dia em que fui presenteada por um tão desejado exame positivo de gravidez e ouvi pela primeira vez o coração do Noah bater. Aí, minha opinião começou a mudar.

Ter o privilégio de gerá-lo em meu ventre foi, para mim, a construção da mais pura e gentil forma de amor. Quando meu filhote nasceu, tão pequenino, eu finalmente entendi. 

E senti. 

E me rendi àquele amor que toma seu corpo e sua alma por inteiro e você se questiona: como pude viver até aqui sem ter conhecido este sentimento?

Compreendi que não era uma questão de intensidade, e sim um amor novo, que eu nunca havia experimentado. 

Era novo, belo, perfeito.

Quando meu Noah partiu, aos 20 dias de vida, me despedir daquele pequenino foi a tarefa mais difícil de minha vida, a despedida mais injusta que o universo pode impor a um pai – enterrar seu filho. 

Saber que falhou ao não ser capaz de proteger aquele pedacinho seu e junto dele despedir-se de seu futuro e tudo o que sonhou viver junto dele é cruel e dói na alma da gente.

Legado de Noah
“ Ter um bebê liberta um amor que seu coração nunca soube que estava faltando. Quando um bebê morre, liberta uma dor que sua alma nunca imaginou ser possível.” RaeAnn Frederickson


Assim como não consigo explicar o significado do amor que sentimos por um filho àqueles que não os têm, também é impossível explicar quão dolorosa é essa perda a quem nunca sentiu. Mas para qualquer um que ama, ou já amou, sabe como é difícil ficar longe, imagine despedir-se para sempre. 

E com o tempo, meu luto foi sendo vivido. Em meio a dias nebulosos, coração dolorido e muitas lágrimas, fui completamente tomada pela dor e pela tristeza, mas quando pensei que não seria mais capaz de nutrir nenhum outro sentimento em meu coração, sutilmente percebi que ainda havia uma sementinha plantada dentro de mim, que tentava florescer naquele terreno árido, um presente deixado pelo meu filho que nem a morte, o tempo ou a distância poderia apagar – o amor.

Ele ainda estava lá, mesmo que disfarçado de tristeza e saudade, ainda triunfava em meu coração e o legado de amor deixado pelo Noah ficava a cada dia mais claro. E é este amor que ele me ensina diariamente, que fez de mim mãe e talvez até um ser humano melhor.

A primeira lição foi aprendida com esmero, mas me negava a acreditar que em meu peito caberia mais daquele sentimento tão nobre... nos primeiros anos eu tinha a certeza que eu nunca mais amaria ninguém como amo meu Noah... embora muitos me dissessem o contrário, no meu entender, era inconcebível crer na possibilidade de dividir este amor pois, não seria capaz de amar o Noah nem um pouquinho menos.

E assim, durante quatro anos convivi com uma luta interna que me obrigava a seguir em frente enquanto eu não via razão para isso. 

Como voltar a sonhar novamente? 

Como explicar tudo isso às pessoas queridas que frequentemente me perguntavam sobre a possibilidade de uma nova gravidez? 

Eu seria capaz de dividir aquele amor?

Depois de muito conversar comigo mesma e com o Noah em pensamento, Rika e eu decidimos que era hora de dar uma nova chance à felicidade e nos jogamos nos braços da esperança. Sim, e deu muito medo, mas seguimos assim mesmo!

Nos cercamos de cuidados, mantivemos segredo e deixamos que o universo cuidasse do restante. 

Foi então que naquele dia 25 de maio, dois pequenos risquinhos no teste de farmácia trouxeram lágrimas aos meus olhos e fizeram meu coração transbordar daquele amor e  de esperança novamente.

Eu estava grávida, de 5 semanas - Noah estava prestes a ganhar um irmãozinho!!

Owen nasceu de parto normal dia 4/12/2018, com 2070g, prematurinho de 31 semanas. 

Fruto de muito amor e cuidados, meu pequeno guerreiro lutou junto com a gente e veio ao mundo depois de um repouso intenso desde o início da gestação (e parecia ser eterno), visitas ao pronto-socorro, sangramentos, medicações diárias, uma cirurgia e 30 dias de internação.

Mas graças a um querido obstetra, competente e zeloso, a um hospital preparado e a uma equipe dedicada e profissional, após 34 dias de UTI Neonatal, pudemos trazer nosso bebê esperança pra casa.

E agora, estou aprendendo a ser mãe de dois, carregando um filho nos braços e outro no coração, amando intensamente meus meninos com toda a força de meu ser.

Posso dizer com propriedade que o amor que um dia duvidei que existia é real e, de fato, ele não se divide, mas se multiplica.

Minha família jamais estará completa, mas hoje ela está um pouco mais inteira. Somos a prova de que um coração partido pode sim continuar a bater.

Owen, seja bem-vindo, amor da minha vida!  ❤




3 comentários:

  1. Esse é o nosso milagre! Gratidão eterna!

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  2. Com lágrimas nos olhos e muito amor no coração eu tenho orgulho dessa família linda!!

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  3. Que Jesus abençoe esse molequinho que trouxe de volta o brilho nos seus olhos,amadinha! Que o Owen tenha Um vida iluminada aqui na Terra, assim como o Noah brilha no Céu! Amo voces!

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