Escolhi esse texto porque ele ‘falou’ comigo.
Infelizmente as memórias narradas pela autora descrevem perfeitamente minha nova vida.
Certas coisas são impossíveis de esquecer e não estou nem na metade deste caminho lembrado por Alex Hopper, sei que o Rika e eu não somos os únicos nessa jornada silenciosa.
Mas é confortante saber que há vida após o sofrimento e agradeço por ter alguém com quem eu possa dividir esse caminho de dor pela morte do nosso filho, mas também de gratidão por ter tido sua presença nesse mundo durante sua curta, mas preciosa, vida.
Noah e Rika - eu amo vocês!
Lembro quando…
20 de Julho de 2015, por 2015 Alex Hopper*
Texto original em/Source: http://www.stillmothers.com/2015/07/20/remember-when/
Tradução/Translation: Roberta Modulo
(Mamãe orgulhosa de um anjo chamado Noah / Proud mother of an angel called Noah)
e-mail: contato@robertamodulo.com.br
Lembro quando o mundo tinha possibilidades infinitas.
Lembro quando os sonhos poderiam se tornar realidade.
Lembro quando milagres aconteciam.
Lembro quando nós vimos o mundo ‘grávido’ de uma maneira que nunca havíamos visto antes.
Lembro quando nos apaixonamos.
Lembro quando nos sentimos abençoados.
Lembro quando nos sentimos seguros.
Lembro quando nós fizemos tudo certo.
Lembro quando tudo deu tão errado.
Lembro quando nós rezamos como nunca havíamos rezado antes.
Lembro quando nós acreditamos que daria tudo certo.
Lembro quando nossos corações foram despedaçados.
Lembro quando nós lutamos mais do que já havíamos lutado antes.
Lembro quando nós fomos tão fortes e tão fracos de uma só vez.
Lembro quando nós escolhemos a vida.
Lembro quando nós escolhemos o amor.
Lembro quando tudo aconteceu tão rápido.
Lembro quando nosso milagre nasceu.
Lembro quando o amor era o suficiente.
Lembro quando lindo não era o bastante para descrever.
Lembro quando alguém tão pequenino significava tanto.
Lembro quando o céu beijou a terra.
Lembro quando nós seguramos um anjo.
Lembro quando nós tivemos que devolvê-lo.
Lembro quando o mundo parou.
Lembro quando a noite caiu e só havia escuridão.
Lembro quando toda a esperança foi perdida.
Lembro quando a morte venceu.
Lembro quando amigos ficaram.
Lembro quando amigos partiram.
Lembro quando nós construímos paredes.
Lembro quando a solidão se instalou.
Lembro quando o sofrimento nos engoliu inteiros.
Lembro quando palavras foram ditas com descuido.
Lembro quando as pessoas esqueceram.
Lembro quando nós fomos traídos.
Lembro quando construímos muros mais altos.
Lembro quando nossas vidas paravam, e o mundo ainda girava.
Lembro quando tudo era cinza.
Lembro quando a alegria parecia ter partido para sempre.
Lembro quando nos tornamos mais fortes.
Lembro quando nós lutamos para ficar em pé sozinhos.
Lembro quando a névoa se dissipou.
Lembro quando a dor era insuportável.
Lembro quando nós estávamos paralisados pelo medo.
Lembro quando nós começamos a andar.
Lembro quando nós mantínhamos a esperança durante o sofrimento.
Lembro quando nós caminhávamos para frente, quando nós queríamos nos arrastar para dentro de um buraco.
Lembro quando nós carregamos um ao outro.
Lembro quando nós vimos cores novamente.
Lembro quando nossa nova vida começou.
Lembro quando nós redefinimos ‘normal’.
Lembro quando ninguém entendia.
Lembro quando lutamos para proteger nossos corações.
Lembro quando cuidamos de nós mesmos.
Lembro quando nós nos permitimos sofrer da maneira que fosse necessária.
Lembro quando nos encontramos novamente, surrados e quebrados, mas ainda vivos.
Lembro quando nós queríamos morrer.
Lembro quando escolhemos viver.
**Alex Hopper
Alex Hopper é uma escritora freelance que vive na Carolina do Norte. Ela é casada com Trent há 7 anos. O filho deles, Cyrus, foi diagnosticado com uma doença fatal rara, detectada durante o ultrassom de 12 semanas. Eles escolheram lutar pela vida dele e levá-lo com amor o quanto eles pudessem. Ele nasceu em 25 de novembro de 2013, às 33 semanas e viveu por preciosas 1 hora e 9 minutos. Eles estavam devastados com sua partida, mas gratos por sua vida e cientes de que ele jamais seria esquecido. Ele é o único filho do casal. Agora Alex escreve abertamente e honestamente sobre seu processo de luto e espera que suas palavras ajudem a outros a se sentirem menos sozinhos. Ela criou e escreve em Hope in the Heartache (aqui), e é escritora em All That Love Can Do (tudo o que o amor pode fazer).