Um ano se
passou, e a ferida continua tão exposta, tão dolorida.
A verdade é que não
sabemos como o processo de luto acontece, e um ano parece tanto tempo.
Não para
mim.
Há um ano
eu vivia o que possivelmente seria o momento mais difícil de toda minha vida.
Sem dúvida, a pior tragédia na história de qualquer pai e mãe que precisa
enfrentar a ordem não natural das coisas.
Há um ano,
perdi meu filho.
Meu bebê.
Meu Noah.
Meu amor.
Há um ano
vivo, ou sobrevivo, sem um pedaço do meu coração.
Uma dor dilacerante e não há
remédio para amenizá-la.
Preciso viver com ela e sobreviver a ela.
Dizem que
somos fortalecidos ao enfrentar momentos complexos na vida.
Eu ainda não
consigo acreditar nas coisas desta maneira.
Não me
sinto forte.
Me sinto como uma sobrevivente, pois vivi o impossível.
E continuo
respirando.
Meu pequeno
é a primeira coisinha que penso todas as manhãs e os domingos ainda são
extremamente dolorosos para mim.
Saber que tenho mais um dia, mais uma semana à
frente, que devo fazer planos para o futuro, e não poder colocar meu bebê
neles...
Reunir a família para mais um almoço, e sentir a falta
constante de um pequenino integrante tão desejado...
Tudo isso dói demais...
Em minhas muitas leituras pela internet, encontro conforto na experiência de mães
e pais que sofrem dessa dor há um pouco mais de tempo que eu... são mais
experientes no sofrimento e ajudam os ‘novatos’ com muito carinho.
Uma delas é
Angela Miller, autora do livro “You are the mother of all mothers” (você é a
mãe de todas as mães, em tradução livre), que dentre centenas de mensagens de
esperança, diz: “It takes invincible strength to mother a child you can no
longer hold, see, touch, or hear. You are a superhero mama.”
É preciso
uma força invencível para ser mãe de uma criança que você não consegue mais
segurar, ver, tocar ou ouvir. Você é uma Mamãe Super-Herói.
Angela
Miller*
Embora seja
extremamente difícil ser mãe de anjo, sou a mamãe do Noah, a mãe que ele
escolheu e não há gratidão maior no mundo.
Hoje é um dia de muita saudade, que aperta o coração.
Mas é também um dia de reflexão, tentar descobrir como encontrei forças para chegar até aqui, como continuarei seguindo e como continuarei honrando a memória do meu filhote.
A força para seguir em frente eu
encontro em todos os beijos que eu mando para o céu...
Em todas as conversas que
tenho com meu menininho...
Em todos os bichinhos de asas de anjo que parecem me
cumprimentar às vezes...
Em todas as músicas que secretamente dedico ao Noah...
Com a ajuda
de um marido maravilhoso (o melhor pai que o Noah poderia ter) uma família
linda e amigos tão compreensivos, vou vivendo... tropeçando, caindo, chorando...
mas me levanto e sigo... às vezes um pouco mais rápido, outras mais
lentamente... mas vou regando o mundo com um pouco mais de amor...
Um amor tão
grande que só um pequenino poderia ter me ensinado...
"Sempre que a dor parece ser muita, eu tendo lembrar como minha vida seria menos linda se nunca tivesse conhecido o nosso tipo de amor." |